domingo, 24 de fevereiro de 2008

A crise de participação política da juventude

Enviado à Tribuna 20/02
Gabriel Medina
A reportagem da Tribuna do dia 17/02, que apresentou o debate das juventudes partidárias, aponta para uma semelhança de avaliação entre a juventude do PSOL e a JPT, na qual, ambas, acreditam no desencantamento dos jovens com a política.
Apenas para esclarecer, a avaliação da JPT, se diferencia e muito, dos partidos ditos mais à esquerda que o PT, que atribuem o desencantamento com a política às crises do governo Lula. Uma análise consistente da falta de interesse político da juventude deve entender os fenômenos sociais, culturais, políticos e econômicos da história brasileira.
Para tanto, é necessário reconhecer que a corrupção não é privilégio das instituições políticas, mas se consolida como uma prática cotidiana nas instituições públicas e privadas brasileiras, há muitos anos, ou melhor, há séculos.
O clientelismo, o nepotismo, o paternalismo são praticas enraizadas dentro e fora do aparelho do Estado, mas são somente condenadas quando expressas na política partidária, como se a representação social fugisse da expressão cotidiana dos valores e das praticas da sociedade como um todo.
A confusão do público e do privado, presente no processo político eleitoral, que depende de financiamento de empresas e empresários para alavancar campanhas ou para desenvolver projetos mistos (PPP´s), é sem dúvida, um dos grandes problemas da política.
Portanto, para os desavisados, o PT não trouxe a corrupção para o Brasil, ela está enraizada na cultura social e será preciso muito esforço dos governantes e da sociedade civil organizada para combatê-la. E isso, só será possível com uma ampla reforma política (e não somente eleitoral) e com a democratização dos veículos de comunicação.
Foi no Governo Lula, que distintos espaços de participação cidadã foram criados, Conferências dos Negros, Mulheres, Cidades, Meio-Ambiente e mais recentemente, a da Juventude, que tem estimulado jovens de distintas regiões do Brasil a pensar propostas, ações e lutas que possam melhorar suas vidas e assim construir alicerces de uma sociedade mais justa e sem preconceitos. Exemplos estão sendo dados pela administração municipal, que além de desenvolver uma série de políticas específicas aos jovens, como as oficinas culturais, entre outras, garantiu espaços coletivos de elaboração e execução de políticas de juventude. Como foi visto na Conferência Municipal da Juventude e na consolidação do Conselho Municipal da Juventude, conquistas da juventude de Araraquara.
A democracia brasileira é muito nova e imperfeita, mas é preciso reconhecer que avanços significativos foram dados da ditadura para cá. A democracia representativa precisa ser aperfeiçoada com a intensificação de mecanismos de democracia participativa, para que aos poucos as pessoas deixem de ser descrentes e passivas e se transformem em sujeitos históricos, comprometidos com a mudança da cultura política atual.
Só com a participação desta e de novas gerações, será possível romper com a defesa de interesses individuais e privados e transformar o espaço político em uma esfera pública, pautada na ética, no respeito e na solidariedade.

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