Erick Corrêa
Gabriel Medina
Coordenadores do Mapa Municipal da Juventude.
É com muito entusiasmo que acompanhamos o Editorial de domingo (26/08/2007) da Tribuna que tematiza a participação política do jovem na cidade. A juventude tem se tornado pauta constante na mídia, tem sido o foco de muitas matérias que, a grosso modo, associam este período da vida à ponta dos problemas sociais. O acento dado ao envolvimento de jovens com as drogas, o crime, a violência urbana, descolado de uma compreensão acerca das dificuldades e novas necessidades que eles enfrentam em seu cotidiano, contribui para a formatação de uma imagem negativa da juventude, apresentando-a como um risco para a sociedade (imediato ou potencial).
Absolutamente, reforçar a imagem do jovem-problema não faz parte dos objetivos traçados pelos organizadores do Mapa da Juventude, cujo diagnóstico das condições objetivas de vida do jovem em Araraquara subsidiará a elaboração do Plano Municipal da Juventude, plataforma básica para a elaboração democrática de políticas públicas que envolvam a participação da própria juventude em todas as fases de sua construção. Tematizar a participação política dos jovens na cidade é crucial para que possamos fazer uma reflexão profunda sobre o tema, de resgate e contextualização histórica, que busque compreender a complexidade das condições de vida da juventude, suas inúmeras formas de se colocar e relacionar com o mundo. As recentes ocupações promovidas pelo movimento estudantil em todo estado de SP retomaram na sociedade uma imagem juvenil desbotada pela história, a imagem dos estudantes dos anos 60 e 70 que lutaram contra a ditadura dos militares imposta pelo golpe de 64. O afastamento das questões políticas, reflexo do isolamento dominante na sociedade capitalista de consumo marcou a geração dos anos 80, tal apatia e desmobilização deram lugar, dos anos 90 em diante, àquela imagem negativa da juventude brevemente esboçada acima.
A falsa idéia de que “o jovem é problemático por natureza” deve ser combatida. O modelo de política pública que corresponde a esta concepção deve ser superado. O “desinteresse” dos jovens pela política não é “absoluto”, nem “natural” de sua condição, o que existe é uma “íntima relação entre as condições materiais de vida e a participação social e política. O agravamento das condições de vida na maioria da população jovem brasileira incide diretamente no aumento da sensação de insegurança no presente e das incertezas quanto à vida futura.” (Paulo Carrano)
A criação da Assessoria Especial de Políticas de Juventude no município objetiva formular políticas públicas com o envolvimento dos jovens e propor ações articuladas no interior da administração local, que respondam às demandas e necessidades por eles levantadas.
As políticas públicas de juventude em Araraquara devem garantir o reconhecimento dos jovens como sujeitos e atores sociais, oferecendo espaços e canais de participação para que eles se efetivem como atores políticos. Informação e democratização de acesso a direitos e processos de aprendizagem democrática devem constituir integralmente todos os processos educativos em que estejam inseridos os jovens.
Nos meses de setembro e outubro, daremos início ao processo da I Conferência Municipal da Juventude, onde importantes decisões serão tomadas, como: aprovação de um documento de metas a ser incorporado nos instrumentos de planejamento orçamentários da prefeitura, aprovação do Plano Municipal de Juventude e eleição do Conselho Municipal da Juventude.
Novos desafios estão postos, a crise de reprodução social vigente, o sofrimento geral dos movimentos populares em se organizar e se fortalecer enquanto identidade coletiva para agir no espaço público que se impõe na vida política contemporânea deve ser profundamente refletido, através de um esforço coletivo onde a cooperação entre o poder público, universidades, movimentos e organizações de juventude são imprescindíveis.
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