sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Número de aprendizes contratados cresce 48%

11/02/08 Rodrigo Zavala
Levantamento divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontou um crescimento de quase 50% no número de jovens contratados como aprendizes por empresas em todo o Brasil. O aumento se deu em todas as unidades da Federação, excetuando-se a Paraíba, que baixou de 638, para 572.
Os dados se referem à variação entre os meses de setembro e dezembro de 2007. Ao todo 167.634 jovens brasileiros trabalham nesse regime, um ingresso de mais de 54 mil estudantes em menos de quatro meses (em setembro, o número era de aproximadamente 113 mil).
Quem lidera o ranking de contratações é São Paulo, que passou de 38.733 para 58.336 estudantes empregados (aumento de 50%). Os paulistas são seguidos pelos fluminenses que, com pouco mais de 11mil, chegam hoje ao número de 15.648 (mais 35%).
No entanto, a região que mais se destaca (pelo crescimento exponencial e não pelo número total de jovens) é Goiás, cujo aumento foi o maior registrado: 79%. Em um trimestre o Estado passou de 6.776 para 12.134 aprendizes.
Placar
Os dados enviados pelo Ministério do Trabalho e Emprego são veiculados pelo Placar do Aprendiz, uma iniciativa em prol da empregabilidade de adolescentes. Criado pela ONG Atletas pela Cidadania, em parceria com o Instituto Ethos, o GIFE e o TEM foi lançado em novembro do ano passado.
Com base na lei n° 10.097/2000, conhecida como Lei do Aprendiz, a iniciativa tem o objetivo de dar visibilidade às empresas que cumprem a legislação e contratam jovens (de 15 a 24 anos) sem experiência, como aprendizes. A abertura de postos para essa faixa etária é obrigatória para empresas com mais de 100 funcionários, em percentuais que variam de 5% a 15% do número de colaboradores efetivos.
O objetivo da parceria, nesse contexto, é apontar, por meio de uma espécie de contador mensal, quantos jovens estão trabalhando como aprendizes pelo Brasil e quais as organizações privadas que seguem à lei. “Esperamos incentivar as empresas e mobilizar toda a sociedade para que alcancemos, até 2010, a marca de 800 mil aprendizes contratados”, disse o diretor da Atletas pela Cidadania, Raí Oliveira, no lançamento.
Os resultados serão levantados por meio de um cruzamento da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), formulários preenchidos pelo setor privado ao ministério do Trabalho. “Assinamos um termo de cooperação técnica com a Atletas e deixo todas as Delegacias do Trabalho a disposição do projeto”, anunciou o ministro Carlos Lupi na época.
Além do contador, o site do Placar disponibilizará informações mais completas sobre a Lei do Aprendiz. Empresas podem consultar o que é necessário para contratar jovens e tirar dúvidas sobre o Manual do Aprendiz (elaborado pelo MTE).
Em tempo: mesmo com o aumento, 167.634 representam apenas 14% das ambições da iniciativa e ainda menos sobre o potencial de contratação do setor privado.
Juventude em crise
Segundo um estudo do Banco Mundial (“A Juventude em risco no Brasil”), a População Economicamente Ativa (PEA) brasileira perderá cerca de R$320 milhões nos próximos dez anos se não investir nesse segmento da população. O mesmo levantamento mostrou também que os benefícios perdidos, decorrentes da baixa escolarização desse público, são de 755 milhões para cada geração (com base apenas no abandono escolar de 14% do alunado, de acordo com o Censo da Educação do Ministério da Educação).
E há dados piores: enquanto os investimentos do governo na juventude não chegam a 1%, cerca de 50% da população desempregada é composta por jovens. Destes, 90% são de famílias com renda per capita inferior a dois salários mínimos. Estima-se também que os rendimentos anuais perdidos com taxas de desemprego excepcionalmente altas entre jovens de 16 a 24 anos estão entre 641 milhões e 1,2 bilhão de reais.
”Empresas que trabalham de forma responsável são minoria. Nossa realidade mostra que o país não vai dar certo. Sem colocar o jovem como prioridade absoluta, qualquer alternativa para uma sociedade melhor é balela”, argumentou o presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos e membro do Conselho do Pacto Global da ONU, Oded Grajew.
Segundo ele, países desenvolvidos só deram certo porque concentraram esforços em crianças e adolescentes em todas as áreas (educação, saúde, segurança, infra-estrutura etc). “O número de jovens aprendizes não chega a 10% do potencial. Quanto custaria para o setor privado cumprir o máximo? O empresariado não sabe como esse investimento pode impactar nos negócios, na sociedade. Mas, com certeza, será um retorno muito maior”, crê Grajew.

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